A radioembolização hepática
pode ser uma alternativa para você?

Como queremos que você conheça todas as alternativas de tratamento possíveis, vamos apresentá-lo à radioembolização hepática, uma alternativa ainda pouco conhecida pela população em geral e recém incorporada ao rol da ANS. [1]

Para quem a radioembolização hepática é indicada?

A radioembolização hepática é indicada apenas para pacientes que possuem tumores onde o fígado é o único ou principal local da doença. A radioembolização não tem efeito sobre tumores fora do fígado.

Antes que a radioembolização possa ser oferecida como uma opção de tratamento para os pacientes, há uma série de outros fatores que devem ser considerados pelo seu médico. Mais importante ainda, você precisa ter um fígado suficientemente saudável que esteja funcionando satisfatoriamente, mas isso é apenas um dos fatores.

Como funciona a radioembolização hepática com
microesferas Y-90?

O procedimento permite que a radiação (frequentemente utilizada para tratar o câncer) seja enviada diretamente aos tumores hepáticos utilizando o suprimento sanguíneo do tumor. O fígado é um órgão especial porque possui dois suprimentos sanguíneos. A maioria das células hepáticas normais é alimentada pela veia porta. As células cancerígenas do fígado são principalmente alimentadas pela artéria hepática. As microesferas são direcionadas diretamente aos tumores hepáticos via artéria hepática, minimizando a exposição ao tecido hepático saudável restante. [2]

As microesferas são pequenas o suficiente para fluir através das artérias hepáticas, mas são muito grandes para passar pelos pequenos vasos sanguíneos dentro do tumor, onde ficam permanentemente alojadas.

As microesferas contêm o elemento radioativo Ítrio-90, que emite radiação beta a uma distância relativamente curta nos tecidos humanos. Como são entregues diretamente aos tumores, isso permite que uma dose maior de radiação seja implantada localmente do que é possível com a radioterapia convencional.

Quem realiza o procedimento de radioembolização?

O procedimento é realizado por uma equipe médica, que inclui um radiologista intervencionista, juntamente com outros especialistas capacitados para trabalhar com radiação.

Quais são as etapas que a equipe de tratamento seguirá antes de realizar a radioembolização?

Reconhecimento

A primeira etapa é realizar uma série de testes iniciais para garantir que seja possível fazer a radioembolização em segurança.

Sedação

Normalmente, os pacientes passam por dois procedimentos sob sedação consciente. Ambos incluem um procedimento radiológico conhecido como angiografia. O objetivo da primeira angiografia, ou mapeamento, é preparar seu fígado para o tratamento.

 

Mapeamento

Durante o procedimento de mapeamento, o radiologista intervencionista pode bloquear (embolizar) alguns vasos para minimizar a possibilidade de as microesferas se deslocarem para áreas fora do seu fígado (por exemplo, estômago ou intestino).

Esferas de teste

Você também receberá uma pequena quantidade de “esferas de teste” para verificar a quantidade de sangue que flui do fígado para os pulmões. Supondo que os resultados desses testes iniciais sejam aceitáveis, será determinada a dose de microesferas Y-90 que você deverá receber.

Procedimento

As microesferas então serão administradas durante um segundo procedimento, que geralmente é realizado uma ou duas semanas após a conclusão da angiografia ou mapeamento inicial. Em alguns casos, você pode fazer o procedimento de mapeamento e a radioembolização no mesmo dia, dependendo da disponibilidade do médico ou hospital.

Como as microesferas Y-90 são administradas?

O radiologista intervencionista faz uma pequena punção, geralmente na artéria femoral perto da virilha ou na artéria radial perto do pulso. Um pequeno tubo flexível, conhecido como cateter, é inserido nesta artéria e guiado até o fígado. As microesferas Y-90 são administradas através deste cateter. Todo o procedimento pode levar cerca de 90 minutos.

 

Quais são os benefícios potenciais da radioembolização hepática com
microesferas Y-90?

Dados clínicos mostram que, quando usado, em combinação com quimioterapia, as microesferas podem reduzir os tumores hepáticos dos pacientes mais do que a quimioterapia isolada, melhorando a qualidade de vida e aumentando a expectativa de vida.

Para um pequeno número de pacientes, o tratamento pode causar uma redução suficiente do tumor hepático para permitir sua remoção por cirurgia em uma data posterior [3-6]. Em pacientes cujos tumores hepáticos não estão mais respondendo à quimioterapia, as microesferas também foram usadas com sucesso para reduzir esses tumores e prolongar a sobrevivência dos pacientes. Existem muitas publicações na literatura científica sobre o uso das microesferas Y-90 no tratamento de pacientes com metástases hepáticas ou com câncer primário de fígado [7-10].

Terei que interromper os tratamentos de quimioterapia para realizar a radioembolização?

Geralmente, a maioria dos pacientes interrompe a quimioterapia antes do procedimento de radioembolização. No entanto, seu oncologista determinará se a quimioterapia precisa ser interrompida durante o período de tratamento.

O que acontecerá depois que eu receber o tratamento?

Imediatamente após o procedimento de radioembolização, você pode ser encaminhado para um exame de imagem para confirmar como as esferas de Y-90 foram infundidas em seu fígado. Você também será monitorado por algumas horas após o procedimento para que a equipe médica avalie se você tem algum efeito colateral ou complicação que exija medicação adicional.

Como você terá recebido um tratamento radioativo, existem algumas precauções simples que precisam ser tomadas durante as primeiras 24 horas após o procedimento. Estas precauções incluem: lavar bem as mãos após usar o banheiro; limpar qualquer derramamento de fluidos corporais, como sangue, urina ou fezes, e descartá-los no vaso sanitário.

Você receberá mais informações sobre essas precauções quando deixar o hospital. Sua equipe médica também monitorará seu progresso usando exames de sangue e exames de imagem em intervalos periódicos.

Quais são os efeitos colaterais associados à radioembolização?

A radioembolização hepática pode causar efeitos colaterais indesejados. Alguns efeitos colaterais podem ser leves, causando desconforto, mas um pequeno número pode ser grave. Cada pessoa reage de forma diferente a um tratamento.

Os eventos adversos mais comuns são febre, diminuição da hemoglobina, anormalidade leve a moderada nos testes de função hepática, dor abdominal, náuseas, vômitos e diarreia.

Como precaução, você pode receber medicamentos adicionais, como analgésicos, anti-inflamatórios, antieméticos e antiúlcera com o objetivo de prevenir ou minimizar esses efeitos colaterais.

A radioembolização hepática está coberta pelos planos de saúde?

A radioembolização hepática tem cobertura obrigatória pelos convênios de acordo com os critérios estabelecidos na DUT 155, em vigor desde 01 de Setembro de 2022. [1]

DUT 155. RADIOEMBOLIZAÇÃO HEPÁTICA (Incluído pela RN 542/2022, em vigor a partir de 01/09/2022) 1. Cobertura obrigatória para o tratamento do carcinoma hepatocelular em estágio intermediário ou avançado, irressecável e sem doença extra-hepática para os quais a quimioembolização é inadequada, com ou sem trombose/envolvimento da veia porta.

Referências

[1] Brazilian Government Website, GOV. BR. (2022). Accessed at https://www.gov.br/ans/pt-br/arquivos/assuntos/consumidor/o-que-seu-plano-deve-cobrir/anexo_ii_dut_2021_rn_465-2021_tea-br_rn473_rn477_rn478_rn480_rn513_rn536_rn537_rn538_rn539_rn540_rn541_rn542_rn544_546_550_553_571v2_575_14mar23.pdf
[2] Embolization Therapy for Liver Cancer. American Cancer Society.  Accessed at: https://www.cancer.org/cancer/types/liver-cancer/treating/embolization-therapy.html
[3]. Wasan et al. Lancet Oncol 2017; 18: 1159–1171.
[4]. Garlipp B et al. Br J Surg 2019; 106: 1837-1846.
[5]. Cosimelli M et al. Br J Cancer 2010; 103: 324–331.
[6]. Sharma R et al. J Clin Oncol 2007; 25: 1099–1106
[7]. Bester et al. J Vasc Interven Radiolo 2012; 23: 96-105.
[8].Seidenstricker et al. Cardiovasc Intervent Radiol 2012; 35(5): 1066-1073.
[9].Cosimelli et al. Br J Cancer 2010; 103: 324-331.
[10].Hendlisz et al. J Clin Oncol 2010; 28(23): 3687-3694.

APM-BR-007-03-24